por Nicolai Dragos do Selo
“Festa”*
Se
foram quatro décadas, quando um autêntico brasileiro, Irineu Garcia batizado
pelos deuses de todos os continentes, decidiu deixar para o seu país um
registro cultural de valor perene. Muito provável foi um gôsto, um desejo, quem
sabe uma ilusão. Sem finalidade confessa, transformou-se no maior gesto de
pratiotismo. O filtro aguçado de Irineu ressoou para autênticos valores
passados e presentes da música e poesia. Descobrir, conhecer, absorver e
enriquecer era a maneira de moldar a consciência cultural brasileira.
Assim
nasceu o selo “Festa”, que Irineu gravou para que todos ouvissem o que poucos
ouviam e pior, quase ninguém gostava de gravar.
Passaram-se
16 anos da morte prematura do seu idealizador, que em vida conseguiu realizar
parcialmente seu sonho. O grande projeto parecia ir na volta comum do
esquecimento da história.
Deuses
deram a grande visão para Irineu Garcia mas também uma sobrinha não menos
visionária. Foi Gracita Garcia Bueno – artista plástica, escudeira fiel do seu
tio, desde adolescência, que guerreou para resgatar este patrimônio.
Um
acervo impar foi salvo para cultura brasileira! Não é pelo tamanho (mais de 100
títulos) mas pela qualidade de seu conteúdo. O lado excepcional dele é o registro
da rica poesia brasileira (maioria recitada pelos próprios poetas – inédito no
Brasil) assim como, para época o melhor da música erudita brasileira (de tanto
difícil acesso). Toda esta riqueza cultural vai tentar saciar a sede de tantos
brasileiros ( e porque não dizer estrangeiros) de conhecer o lado menos
popularesco, de um povo criativo, onde a emoção e sentimento é um verdadeiro
ancoradouro, mas livre para navegar.
Os
nossos poetas, escondidos nas prateleiras das bibliotecas começarão ter voz e
força. Vamos ouvir Cecílica Meirelles, Guilherme Almeida, Vinícius de Moraes,
Cassiano Ricardo, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade
e muitos outros.
Obras
poéticas de grandes latino-americanos, de portugueses e espanhóis: Fernando Pessoa,
Pablo Neruda, Frederico Garcia Lorca, Gabriela Mistral e tantos outros.
A
música erudita brasileira tem: Claudio Santoro, Francisco Mignone, Radamés
Gnatalli, A. Nepomuceno, Heitor Villa Lobos, Camargo Guarnieri e muitos outros,
assim como interpretações magnificas de Arnaldo Estrela.
É
bom lembrar da valiosa música popular brasileira: Tom Jobim, Vinícius de
Moraes, lenita Bruno, João Gilberto, Elizete Cardoso e outros.
É
difícil num curto resumo fazer citações sobre muitos que as merecem. Assim, podemos
citar Paulo Autran interpretando O Pequeno Príncipe com o belíssimo fundo
musical de Tom Jobim.
Esperamos
que em pouco tempo o acervo inteiro seja lançado preenchendo um grande vazio
cultural. A
distribuidora Eldorado, justiça seja feita, abraçou este projeto com todo
entusiasmo e empenho. Nossos
sinceros agradecimentos para esta Gravadora e Distribuidora que por tradição
honram a poesia e a boa música.
Sem
nenhum constrangimento, temos de lembrara calorosa acolhida e sincero entusiasmo
pessoal do seu Diretor João Lara Mesquita. Nossos agradecimentos.
*texto de divulgação produzido especialmente para o relançamento em CDs através da Gravadora e Distribuidora Eldorado em 2000.
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